Destaque

A Saga da XT660 Oceânica

O Passeio (23 e 24/02/2008)

Em mais um final de semana rodando pelas beiras de mar como eventualmente gosto de fazer na companhia de alguns amigos, entramos na praia na hora correta, na maré baixa. Paramos para a hidratação em um boteco na praia do Muricí, conforme determina a lei da praia. Mais adiante, nos distraímos monitorando a temperatura da cerveja e a textura das isquinhas de peixe em um outro boteco mais á frente, já na Ponta Grossa. Esquecemos o monitoramento da maré, que enchia. Nada de mais, apenas tivemos que enfrentar um longo trecho de areia muito frouxa, pois o mar já havia encoberto a faixa de areia mais compacta.

Em um determinado momento, ao cruzar um sulco mais profundo feito por pneu de rural, perdi por alguns segundos o controle da moto e entrei no mar. Entrei acelerando para poder sair da mesma forma, mas uma onda se chocou com a frente da moto e foi água prá tudo que é lado. Fiquei encharcado. Neste momento a moto simplesmente apagou e o painel ficou parecendo uma árvore de natal de tanto piscar.

As ondas continuaram batendo na moto que, sem motor, afundava cada vez mais. Por sorte um amigo veio me socorrer ao mesmo tempo em que consegui ligar o motor. Este amigo disse mais tarde que era cardíaco.... não é mais.

Depois da moto bem lavada e lubrificada, ao desligar e tirar a chave, o painel tornou a piscar. Coisa esquisita. Parecia coisa de assombração. Notei que ao puxar a manete de freio o fantasma do painel ia embora. Amarrei um cordão e deixei a moto passar a noite com o freio dianteiro puxado. No dia seguinte não havia mais luzes fantasmagóricas.

Ao pegar estrada para retornar à Fortaleza, notei que a orelha esquerda (carenagem do tanque) estava se abrindo com o vento. Rodei 40km segurando a orelha com o joelho até chegar a um posto. Notei que os rebites ou parafusos que seguram a peça haviam sumido.

Resolvi o problema amarrando a tal orelha que abanava com um canudinho de plástico, desses para refrigerante. Pensei na tecnologia embarcada...

A XT 660 é frágil? Ela não aguentou bem o tranco? Aguentou sim, mas me deixou preocupado. E se o motor não voltasse a funcionar? Como resolver? Indo a uma oficina de televisores?

Na estrada, a Falcon do cabra ex-cardíaco deu problema de carburação. Mexi em algumas coisas e ela ficou perfeita. Será que estou ficando com saudade da minha XT600? É aquela velha história: Tecnologia versus Rusticidade.

Ao chegar em Fortaleza, na primeira oportunidade levei a 660 para uma outra lavagem completa.

Os Fantasmas estão Atacando !

Depois que a moto foi mais uma vez lavada, e desta vez com mais rigor, os fantasmas voltaram ainda mais furiosos, piscavam e enviavam um tal código 51. Será que pediam um despacho com cachaça? Não deixavam mais que eu fizesse um pequeno exorcismo puxando a manete de freio. Se puxava a manete um outro fantasma fazia funcionar o motor de partida, mesmo sem a chave no contato.

Minha moto estava cheia de assombração!

Levei-a numa autorizada antes que minha motocicleta fosse totalmente dominada pelos cramunhões que encontrei na praia. Vade retro!

O Exorcismo

Ao chegar na concessionária Yamaha, encontrei um mecânico exorcista. Ele fez o diagnóstico: Poltergeisters ! Ou seja, minha moto foi invadida por fantasmas brincalhões. Deve ter sido vingança por causa das tantas pajelanças que fiz para as motos de alguns amigos, quando elas simplesmente desistiam de funcionar sem motivo aparente. Também pode ter sido porque recolhi algumas alguidás (panelas de barro) em despachos de macumba, para fazer moqueca de camarão para grande quantidade de amigos...

O exorcista mostrou-me que essas assombrações se incorporam na água do mar e invadem a alma da motocicleta. Tiramos o banco, as laterais e desconectamos todas as caixas de sensores.

Usamos água benta e limpador de contatos do além, muito vento sagrado soprado por um sacrompressor e depois aqueles óleos santos que agora vêm em spray.

Esses cramunhões já nos rondavam. Tanto que, neste passeio, um dos amigos nem precisava mais usar o descanso da moto dele. Os capetinhas a seguravam em pé em qualquer tipo de piso. Mostramos o fenômeno para uns crentes e eles saíram correndo assustados com o a demonstração de força do capeta.

Ao término do serviço a moto ficou perfeita. Foi trocado óleo do motor e filtro. Todos contados foram limpos e protegidos por fina camada de óleo. Estou pensando se silicone industrial seria bom para isolar os sensores.

Pensando bem, diante de tantos eventos sobrenaturais, estou inclinado a crer que, afinal, não perdi o controle da moto na areia frouxa. Minha moto saiu da trajetória, não por desconcentração do piloto, mas por ter sido empurrada por uma entidade ectoplasmática. Havia forças estranhas naquele areião...

 
 
 

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